quinta-feira, 4 de julho de 2013

Incerto demais



Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval” – Vinicius de Morais

E devagar tudo acontece
Aos poucos, bem lentamente,
Tanto que mal nos apercebemos.
Quando paro pra pensar
Já me vejo atraído por ela
E isso de certa forma
Assusta pela surpresa.
Páro e olho pra trás
E só o que vejo é tempo perdido
Tempo que disperdicei
Com crises existenciais.
O mundo no qual nos achamos inseridos
É uma verdadeira selva animalesca
Ríspida, seca e mal intencionada
Por todos os lados enfrentamos barreiras
Vivemos num mundo repleto de exigências
Impostas pelo sistema do qual fazemos parte.
Prefirimos olhar na janela julgar a vida dos outros
Do que encarar aquele que do espelho nos acusa.
Somos impelidos a nos qualificarmos
E nos especializarmos pelo simples retorno financeiro
E buscamos o dinheiro com a força da nossa ambição
E vivemos infelizes sem a alegria que invade o coração.
E eis que nesse calabouço civilizado
Surge um espectro de cor e forma diferente
Que nos faz sentir diferente por dentro
Tanto que chegamos a pensar no amor
Este que, de tão incerto, não se prevê
Nem se detecta com aparelho qualquer
Mas simplesmente revela-se, sempre inesperado
Trazendo cores a vidas descoloridas.
Muda nossa forma de pensar e foco de atenção
De repente vejo-me tomando decisões mas
Levando em conta não apenas a MINHA vontade
Pensando não apenas na MINHA vida.
Como serpente que ataca de onde menos se espera
Assim é o amor que, sorrateiro, nos acalma
E mostra que a vida não se resume a trabalho
Mostrando que há muito mais a ser descoberto amando.
Há quem desse sentimento se amedronte
Pois o amor verdadeiro afeta a racionalidade
E acrescente emoção, sensibilidade,
E traz-nos saudades de quem, às vezes, mal conhecemos.
Incerto demais é o amor pois não é regulado
Pelas leis da física nem tampouco da razão
Nele somos barcos guiados pelo sopro do destino
À deriva ou à procura do porto seguro do coração.

Ricardo M. Valença – 31/01/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário