quinta-feira, 4 de julho de 2013

Fábula do potro selvagem

Algumas pessoas são como um potro selvagem
Acostumado a viver por sua própria conta e risco.
São muito carentes e solitários
E não são acostumadas com novidades
Eles vêem todo dia sempre a mesma coisa.

Até que, num certo dia, conhecem pessoas diferentes
Pessoas que, com seu carinho e zelo
Transformam esse potro em um ser menos arredio
Menos desconfiado e mais desarmado.

O potro, carente, logo se apega ao estranho(a)
Seduzido pelo bálsamo do carinho até que
Num outro certo dia, esse(a) estranho(a) o fere
E o potro, outrora tão confiante e feliz,
Vê seu castelo de areia começar a ruir.

Sente-se novamente só e triste
E aos poucos percebe que, de alguma forma,
Aquilo que achou que duraria para sempre,
Foi momento apenas, e nada mais.

Mais uma vez fecha-se e sente falta do campo
Onde podia ser livre, apesar de tudo.
Sente-se como que corroído por dentro,
Algo o consome, tornando seu olhar,
Outrora brilhante e lúcido,
Num olhar opaco e fixo no infinito.

As lágrimas vêm fácil,
E com elas os questionamentos,
As dúvidas e crises existenciais.
Por que tudo tem que ser assim?

Algumas pessoas, no afã de demonstrar sinceridade
Acabam por despejar nos ouvidos alheios
Coisas que ninguém gostaria de ouvir.
Cometem, se permitem-me o neologismo,
O chamado “sincericídio”.

Julgam as pessoas,
E têm suas convicções como autênticas e verdadeiras.
Pobres juízes, não sabem o quão errado estão.

Muitas vezes somos vítimas de sincericídios,
De julgamentos equivocados tidos como reais,
E nos ferimos pois, tal qual o potro selvagem,
Nós não queríamos nada além de atenção e respeito.
Quantos relacionamentos, seja de que tipo for,
São partidos por essa razão.

Se você for um(a) sincericida, desde logo advirto:
Nunca confunda sinceridade com perversidade,
Ou nunca terás amizades e amores duradouros.

Ricardo – 29/07/2008

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