quinta-feira, 4 de julho de 2013

Fantasma do horizonte

Este poema retrata o diálogo do homem com um “fantasma”.

Homem:

—Fantasma do horizonte
Por que bailas por aqui?
Vieste de um mundo errante …
E não nos deixas divertir?

Fantasma:

—Ah! Errante julgo eu
Este povo com que tu convives:
Desrespeita quem morreu;
Desonra quem mal vive.

Homem:

—Fantasma do horizonte
Deves voltar pro inferno
Lá não és simples infante
Lá independes de inverno …

Fantasma:

—Voltaria se não houvessem
Tantos penados como há
Vocês nunca crescem
Só querem ferir, matar .
Lá embaixo todos reclamam
Tudo está piorando
Poucos ao céu alcançam
Mesmo aqui sendo pior
Achei uma compensação
Entre brutalidades que dão dó:
O fim da superlotação .

Homem:

—Seu fantasma miserável
Como ousas discutir?
És um ser abominável
Que daqui vais partir .

Fantasma:

—Vil é o teu pensamento
Inexistente a tua consciência
Nocivo o teu procedimento
Esgotada a minha paciência .
Eu sou a tua sombra …
A parte oculta de tua alma
O pesadelo que te assombra
Tua febre que nunca se acalma !!
Desta terra só hei de sair
Quando miséria e violência forem ausente
Preconceitos e diferenças não existir
E todos tenham educação decente.

Homem:

—É mesmo ?

Fantasma:

—É, mas não se alegre não meu amigo
Com todo esse meu querer …
É mais fácil tornar honestos os políticos
Do que isto vir a acontecer.  

(VALENÇA, Ricardo Maia. Fantasma do Horizonte. Outubro de 1999)

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